The Bolshoi

The Bolshoi

Rock Alternativo

Banda inglesa de Pós-Punk formada na Inglaterra, formou-se em 1984 em Bath mais uma das que seria um dos grandes ícones da cena pós-punk inglesa, músicas carregadas de eletrônica e melancolia, num tom trágico-suicida- eletrônico. Trevor Tanner e Jan Kalicki se juntam em 84, Tanner tocava guitarra e tinha um dom para o microfone, Kalicki era o responsável pela batera, e assim se formou a banda começa a se formar, então se mudam para Londres e encontram Nick Chown que ficaria então com o baixo. Começaram a ocupar o espaço underground de Londres, em festas alternativas, e casas meio obscuras de então. No meio desse circuito alternativo Londrino, são descobertos por Nikki de Souza, nome até meio brasileiro, empresário que tinha um contrato com a Situation Two Records, um nome um pouco incomum, diga-se de passagem para uma gravadora, e assim fecham acordo de lançar seu primeiro vinil, já com uma boa produção. Um E.P. com 6 faixas inaugura a discografia da banda, e assim o Bolshoi, chega ao mercado inglês com Giants, já em 85, com uma sonoridade sombria próxima a do Cure, na sua fase mais Pornography, ou de seu irmão, ou irmã, de leito, pois nasciam próximos, o Sisters of Mercy. Os sseus primeiro singles Sob History e Happy Boy são os grandes momentos dessa primeira fase semi-anônima do Bolshoi em seus cult shows, no circuito londrino, já demonstravam uma ótima performance ao vivo. Destaque também para o lado B do primeiro single, as memoráveis Ports of Amsterdam e City Limits. Será que daí que nasceu a linha Xymox que permeou algumas composições da banda nesta época sombria?... who knows...

Após a gravação de Giants, a banda entra numa evolução ininterrupta, primeiro entra para a banda o tecladista Paul Clark, responsável por trazer a sonoridade subsequente da banda, a eletrônica. Logo em seguida, começa a dar resultado a nova linhagem mais eletrônica da banda, a Beggars Banquet Records, mesma gravadora do Bauhaus e Gary Numan, se interessa por seu trabalho, e decide propor um contrato com o Bolshoi. Chegaram a uma das maiores independentes inglesas, isso já era uma façanha, mas não para por aí... O auge da evolução se dá no ano seuinte, depois de entrarem no estúdio e prepararem o melhor disco de sua curta carreira.

Primeiramente o álbum iria se chamar Friends or Friends? Um nome interessante com a cara do álbum, mas no final acabaram decidindo reduzir o nome para Friends e deixar a pergunta e as respostas pra quem se decidisse se deleitar com a maravilha do álbum. Nos eua embora tenham colocado como bônus as primeiras songs do primeiro ep, cortaram, não sei por qual razão a música A Funny Thing, outra cortada, mais incompreensivelmente ainda foi Waspy, crucial song no álbum como se fosse um complemento do disco. Nesse álbum percebemos uma evolução instrumental e de inspiração da banda, a eletrônica toma conta, sem abandonar os riffs de guitarra e sequências de baixo dançantes mostrando uma pequena influência do Ultravox. Tudo bem que não chegarem ao auge de conhecimento dos sintetizadores, mas já mostram um grande avanço e mesmo não tendo o conhecimento bem assimilado como no álbum posterior, Friends se tornou seu melhor trabalho. Deste álbum saltitaram 4 ótimos singles, permitiu uma longa turnê mundial que passou pelo Canadá, eua, Espanha, França, Alemanha, Holanda, Polônia, México, Argentina e pra terminar mas não o último tocaram no Brazil, num show inesquecível. O ponto alto do álbum é o hit technopop, no auge do technopop inglês - Sunday Morning, numa aventura bem Tears For Fears e Depeche Mode, essa song aliás foi o maior sucesso deles em terra brasilis, seu sucesso em todos FMs das capitais brasileiras permitiram lotar seus shows, com extrema dedicação de fãs, que na época devido à cegueira de nossas rádios, tocavam apenas algumas songs deles. Esse devaneio musical pelos lados do technopop acaba sendo mesmo sua melhor música, me desculpem os americanos e europeus que preferiram outras, mas dessa vez os brasileiros acertaram em cheio ... o maior sucesso deles por aqui é a melhor song do álbum... "Standing in a line with a dirty mind, clean it up on Sunday Morning...". Outra grande música do álbum é Looking For a Life, como uma continuidade, e ainda destaca-se outra que ganhou um single Books on Bonfire, além de Someone's Daughter. Desse álbum também temos a ótima A Way, que dominou todos os charts europeus e americanos, chegando a alcançar algum sucesso por aqui, muito bem trabalhada, se aproxima mais do Cure nessa song, realmente pondo abaixo o próprio Cure no chart, que experimentava então mais uma nova mudança, os fãs do Cure preferiram ouvir Bolshoi aquele momento crucial pra carreira da banda, aliás A Way ganhou 2 singles, com versões extendidas, remixes e indéditas, A Way e A Way II, muito boas versões, com tudo que podiam experimentar no remix, não chegam à perfeição de Soft Cell no remix de Tainted Love, nem dos filhos desse mix do Soft Cell, o seu contemporâneo Sigue Sigue Sputinik, mas se viram como podem e fazem autênticos e atraentes remixes technopop, numa mistura real de gothic e technopop com extrema precisão na dosagem.

Ao final da turnê de Friends, o Bolshoi se prepara para um novo trabalho, dessa vez mais eletrônico, Lindy's Party, vai do goth ao cyber space de Robotiko Rejekto, nesse álbum realmente atingem o auge da eletrônica, melhorando boa parte da qualidade sonora, mas não conseguindo a mesma inspiração de Friends, Lindy's Party é um ótimo álbum, com faixas bem trabalhadas, o mais bem produzido, mas não consegue atingir o mesmo sucesso devido a queda do technopop dos 80 pelo acid house inglês, que detonava todas as pistas européias de então, embora tenha alcançado boa vendagem não dava pra competir com Bomb the Bass na mudança radical da Inglaterra, e mais uma vez novos filhos do Kraftwerk nasciam. A faixa que deu nome ao álbum remete aos primórdios da banda, um som mais avançado é claro mas com uma sonoridade meio Giants-Friends, mas a festa de Lindy, é uma faixa notória do álbum, mas infelizmente a crítica não entendia o som deles... admito realmente por este álbum fica mais difícil ainda classificar a banda, de pornography a Rejekto, numa maestria quase perfeita, buscando talvez a criação de um novo estilo... who knows... anos mais tarde, algumas bandas tentando recuperar e imitar o estilo Bolshoi, ou melhor como queiram chamar o que se convencionou chamar electro-goth, mas com certeza nenhuma dessas bandas pode recuperar a sonoridade perfeita de Tanner, Clark, Nick e Jan. outros destaques são Please e TV Man, esta ganhou também um ótimo single, com qualidade superior.

Depois de gravarem Lindy's Party a banda passou por uma tempestade de problemas internos, inclusive de convivência conjunta, infelizmente cada um seguiu seu caminho, e mais uma vez nós fãs dos 80 perdemos mais uma ótima banda, que também se recusou a entrar nos 80. Nessa época assinam com a Warner que relança Bigger Giants em 1990, como se fosse uma despedida mesmo, apenas uma coletânea que reunia alguns singles além de seu primeiro ep, isso tinha realmente e uma cara de despedida, e definitivamente anunciam seu fim. Trevor mudou para a Florida, Jan para Los Angeles e Paul para Seattle, apenas Nick permaneceu em Londres. E assim cada um pra um lado acaba aquela que é uma das bandas mais corajosas dos 80 e criativas, tanto que na época nem conseguiram um termo para classificá-los, com influências de Kraftwerk a Cure, passando por Classix Nouveaux e Cult, entre outras fez suas músicas como gostavam, exatamente com sua cara.

Parece-me que Paul e Trevor estão trabalhando cada um em seus respectivos álbuns solos, mas por enquanto só boatos...


Marcos Vicente

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