Tetê Espíndola

Tetê Espíndola

MPB

A trajetória da cantora, compositora e instrumentista Tetê Espíndola sempre foi marcada pela multiplicidade. Incursões pela vanguarda, o pioneirismo regionalista, fusões do acústico com o eletrônico, experimentalismos com pássaros, enfim, um leque de opções que sua voz absolutamente rara, de timbre ímpar e extensão incomum, lhe proporciona.

"Canção do Amor", seu oitavo disco, agora nas lojas de todo o país através da gravadora Movieplay, comemora os vinte anos do encontro com sua primeira craviola (instrumento de doze cordas inventado por Paulinho Nogueira), em 74. Um álbum totalmente acústico, onde ela toca o instrumento em todas as faixas, trazendo alguns convidados especiais de peso.

Muitas das canções surgidas em sua vivência com os interiores e a natureza são agora registradas. É esse o caso de "Pulsação das Águas" (Tetê/Marta Catunda), que une craviola e vibrafone, e "Poema da Lesma"(de Manoel de Barros musicado por Tetê). A riqueza musical da família Espíndola (eles são oito, sete dos quais artistas) tem presença marcante no CD. Geraldo Espíndola assina "Vento da Noite", a indígena "Quyquyho", "Vida Cigana" (originalmente gravada por Tetê no LP "Piraretã"-1980) e a faixa título - "Canção do Amor"- um tributo a Janis Joplin. Humberto Espíndola é parceiro da cantora em "Saudade". "Gata Vadia", inspirada composição de Celito Espíndola (gravada em 86 no LP "Gaiola"), está aqui relida em arranjo solo de voz e craviola. "Mulher o Suficiente"traz, além da poesia singular de Alzira Espíndola e Vera Lúcia, os violões mágicos do Duofel. Aqui, Tetê mostra uma faceta diferente: seu timbre grave. Tratando-se de um disco comemorativo, a artista quis regravar alguns hits do seu repertório que estavam fora de catálogo. Além de "Vida Cigana" e "Gata Vadia", seu público encontra aqui a aliterante "Na Chapada" (Tetê/Carlos Rennó) e "Escrito nas Estrelas" (Arnaldo Black/Carlos Rennó) , com a qual se consagrou em 85, ao vencer o "Festival dos Festivais". Num passeio por várias músicas inéditas, Tetê mostra o paraibano Chico César, seu parceiro em "É Demais"e autor das instigantes "Adeus Dias Doidos" (com Tata Fernandes) e "Umbigo" (com Arnaldo Black), atuando inclusive como violonista. Também são inéditas outras duas faixas de Arnaldo Black: "Águas Irreais"(com Tetê) reunindo cello e viola num tema ecológico e "Vulgar", uma cançãoextremamente visual feita com Hilton Raw e que traz o trombonista Bocato.

Uma das preocupações constantes do trabalho de Tetê sempre foi a recuperação da memória musical brasileira. Por essa razão, incluiu no CD a releitura personalíssima de "Carinhoso" (Pixinguinha/João de Barro), um dos pontos altos de seus shows. "Canção do Amor" é um trabalho denso, delicado, rico em sutilezas vocais e instrumentais, que reúne um repertório escolhido de forma minusciosa e que traduz um momento intensamente pessoal e único na vida e na carreira de Tetê Espíndola, a moça que tem "pássaros na garganta" e uma voz xamânica.

Tetê e Alzira Espíndola gravaram ao vivo o CD "Anahí" em shows no Instituto Cult. Itaú (SP), que foi lançado neste ano de 1999. No repertório, polcas, guarânias e clássicos do cancioneiro popular, como "Chalana", "India", "Meu Primeiro Amor" e "Serra da Boa Esperança", entre outras boas surpresas :-)!

A TRAJETÓRIA DE TETÊ ESPÍNDOLA

Foi no alto das árvores, em dueto com as araras da Chapada dos Guimarães, que essa sul-matogrossense descobriu o famoso agudo. Vinda de uma família de artistas, lança seu primeiro disco - "Tetê e o Lírio Selvagem"- em 78, pela Polygram, trazendo composições próprias e de seus irmãos Alzira, Geraldo e Celito. O trabalho seguinte-"Piraretã"(Polygram,80) - marcou o encontro com Arrigo Barnabé. Em 81, defende a valsa "Londrina"(de Arrigo) no MPB Shell, que recebeu o prêmio de melhor arranjo por Cláudio Leal. Fascinado com seu timbre incomum, Augusto de Campos batizou seu terceiro álbum - "Pássaros na Garganta" (Som da Gente,82). Tetê vence, em 85,o "Festival dos Festivais"da Rede Globo com a canção "Escrito nas Estrelas", que bateu recordes de execução e vendagem, dando- lhe o disco de ouro. Seguiu-se o LP "Gaiola"(Polygram,86) com o hit "Na Chapada" (dueto com Ney Matogrosso). Como atriz, Tetê atuou nos filmes "Mônica e a Sereia do Rio" (de Maurício de Souza) dirigido por Walter Hugo Khoury e no curta "Caramujo-Flor", de Joel Pizzini. Como representante brasileira, participa do Festival "The Concert Voice", em Roma (88). Em 89, canta no "New Morning"(Paris) e no Festival de Jazz da Bélgica. Com uma bolsa da Fundação Vitae, desenvolve projeto sobre a instrumentalidade da voz humana e a musicalidade dos pássaros da Amazônia e do Pantanal, resultando no disco "Ouvir"(Independente,91). Lança o CD interpretativo "Só Tetê" (Camerati/93), que traz de Djavan a Tom Jobim e viaja o país. Read more on Last.fm. User-contributed text is available under the Creative Commons By-SA License; additional terms may apply.