Keren Ann

Keren Ann

Internacionais

Israelita no bilhete de identidade mas francesa por vocação. Das aventuras a solo às colaborações com artesãos alheios vai um pequeno passo. Mas o perfume, esse, é inconfundível.

No espaço de poucos meses, Keren Ann tornou-se um nome familiar. A solo, apresenta-nos o magnífico ?Not Going Anywhere?. Com o islandês Bardi Johansson deu à luz Lady & Bird. E com o mesmo Johannson, participa em ?Something Wrong?, novo álbum do Bang Gang.

A profusão de registos deixa os fãs mais antigos de água na boca. ?La Disparition?, saído em 2002, havia sido já uma franca surpresa para os ávidos consumidores do espectro chanson de Gainsbourg, Hardy e quejandos. Mas é ?Not Going Anywhere? que destrinça quaisquer dúvidas: Keren Ann é uma das intérpretes femininas mais excitantes da actualidade no reduto da neo-folk e da canção nocturna. E não espantaria que, com divulgação a contento, se torne tão visível como Carla Bruni. Desta vez em língua inglesa, não só é admirável a doce parcimónia que a artista emprega em temas como ?Road Bin?, ?Seventeen? ou na infinita ?Sit In The Sun? como também todo o trabalho instrumental a cargo de Benjamin Biolay que impregna os temas de um sóbrio requinte ao alcance de um Pascal Comelade mais convencional. A esse nível, é sublime o trabalho do francês, capaz de dotar ?Not Going Anywhere? de uma riqueza instrumental que convoca sons perdidos de piano, guitarras acústicas quase transparentes e arranjos de cordas aconchegantes, tudo como se se estivesse a gravar à moda de 1969 (Nick Drake, Velvet Underground, Van Dyke Parks) mas com a produção cristalina dos dias que correm (que, não por acaso, tem em Bardi Johansson um co-responsável).

É neste registo a solo que Keren Ann Zeidel (de seu nome completo) se aproxima mais do que é legítimo esperarmos dela: uma voz que tanto lembra Lisa Germano como Beth Orton (mas que as supera), um ajuste perfeito ao suporte instrumental, uma lírica confessional que brinca com as rimas e com os sons das palavras, num cruzamento perfeito entre a universalidade dos temas e a individualidade de quem os canta. Read more on Last.fm. User-contributed text is available under the Creative Commons By-SA License; additional terms may apply.