Lulo Scroback - bom cantor, rapaz de silhueta apolínea e também ator - é a cara deste Modernidade, mas a verdadeira alma do álbum é Rodrigo Pitta, compositor e autor do musical Cazas de Cazuza, no qual Lulo foi revelado no ano passado. O presente CD traz as canções de um outro musical, este ainda não encenado, narrando a ascenção de um ídolo pop pré-fabricado, a ser vivido pelo próprio Lulo. Sendo assim, não se pode esperar de Modernidade nada mais que pop pré-fabricado, certo? Mais ou menos. Como força motriz do trabalho, Rodrigo Pitta demonstra ser um compositor arguto e diversificado, providenciando boas canções para que o frontman Lulo possa brilhar. Descaradamente pop, mas não de todo descartável, o conjunto da obra acaba convencendo. Se todos os pré-fabricados tivessem um nível semelhante...
Entre as criações de Pitta, os resultados mais interessantes ficam em Amor de Reclame - pop suingado, com refrão ganchudo movido a uma marota sampleagem - as baladas Por um Triz e Cartas e a dançante Controle (esta arranjada por Ivo Meirelles). Mas no geral todas as canções do disco demonstram a mesma malandragem de Pitta em criar melodias chicletudas e bem construídas. A voz bem colocada de Lulo ganha destaque em meio a um instrumental econômico, centrado em bases programadas. Como se não bastassem as inéditas, o álbum ainda lança mão de duas regravações. Lulo arrisca a ousadia de resgatar a monolítica Construção (Chico Buarque) - transformada em samba eletrônico - e traveste Odara de batidas techno. E, pasmem, nenhuma das duas ficou ruim. Resta ver como este "ídolo" pré-fabricado ficará ao ganhar o palco. (Marco Antonio Barbosa) Read more on Last.fm. User-contributed text is available under the Creative Commons By-SA License; additional terms may apply.